Em ato político com prefeitos, parlamentares, entidades e representantes do governo do Estado, a Famurs divulgou nesta segunda-feira (16) uma carta aberta com demandas emergenciais para socorrer os agricultores endividados após sucessivas estiagens e enchentes no Rio Grande do Sul.
A AMAU esteve representada por uma comitiva de prefeitos: Jair Kammler (Severiano de Almeida), Valdecir Mariano Pinto – Kinkinha (Mariano Moro), Jair Ostrowski (Floriano Peixoto), Giovan André Sperotto (Viadutos), Valmor José Tomelero (Erebango) e Hermes Paris (Carlos Gomes).
O prefeito de Carlos Gomes, Hermes Paris, que representou a AMAU, relata como foi o ato:
“Foi uma mobilização em prol dos agricultores, pelo projeto de lei da securitização das dívidas. Diversas autoridades estiveram presentes na sede da Famurs em Porto Alegre, como o autor da lei, o senador Luis Carlos Heinze, além de deputados estaduais e federais, com o apoio do governador Eduardo Leite e de sindicatos de todo o Estado.”
Para o prefeito Hermes, “a mobilização não teve cunho político, e o único ‘P’ em pauta é o de quem produz, de quem movimenta a economia do RS. Mas o que se percebeu até o momento é que não temos nada em pauta por parte do governo federal. A presidente da Famurs e prefeita de Nonoai, Adriane Perin de Oliveira, se disponibilizou a levar as reivindicações para Brasília, para unirmos forças e vermos as demandas atendidas, tão importantes para o Rio Grande do Sul neste momento.”
Ele acredita que o momento é de muita mobilização:
“Como prefeito e representante dos agricultores, é preciso apelar e pressionar todos os nossos deputados federais a pararem de votar projetos no Congresso, caso o projeto de lei da securitização não seja colocado como principal pauta. Somente assim o governo federal dará atenção ao que os nossos agricultores realmente precisam. Ninguém está pedindo esmolas, muito menos o perdão das dívidas. Queremos apenas um fôlego para voltar a produzir e manter a economia dos nossos municípios, do Estado e do país. Vamos nos manter mobilizados e, se for preciso bater na porta em Brasília, estaremos lá”, finaliza o prefeito de Carlos Gomes, Hermes Paris.
Uma das principais medidas sugeridas ao governo federal é o alongamento dos débitos dos produtores rurais por 20 a 25 anos, com juros limitados a 3%. Além da Famurs, o documento é assinado também por Farsul, Fetag-RS e Fecoagro. Nos discursos, autoridades expressaram preocupação com a continuidade das atividades dos agricultores nas atuais condições de endividamento e com a consequente queda na arrecadação dos municípios, que afetará os serviços públicos. Conforme a Farsul, as dívidas dos produtores rurais gaúchos com vencimento em 2025 somam R$ 28 bilhões.
“Chegou a hora de deixarmos de lado as diferenças ideológicas e partidárias e nos unirmos em torno de uma causa maior que qualquer disputa: a sobrevivência do agricultor e a economia dos nossos municípios e do nosso Estado. O Rio Grande vive uma realidade dura, marcada por perdas sucessivas no campo. Não é hora de apontar culpados, é hora de apontar caminhos – e ele precisa ser coletivo. O caminho é o alongamento das dívidas, que não é perdão”, discursou a presidente da Famurs, Adriane Perin de Oliveira.
“Nenhum estado brasileiro viveu o que o Rio Grande está passando nos últimos anos. Não se trata apenas da enchente do ano passado, mas da recorrência de eventos climáticos que nos fizeram perder boa parte das safras. O governo federal tem os dados e os números, mas insiste em não perceber. Precisamos levar a Brasília a percepção de que a dor é verdadeira e merece ações concretas. Um dos caminhos que já apontamos é usar uma parte dos recursos do Fundo Social, com royalties do petróleo, para uma área que está sendo fortemente atingida”, defendeu o governador Eduardo Leite.